Um dos projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) parceiro do Conselho Regional de Química da 16ª região (CRQ XVI) na campanha Química Solidária, o projeto Renascer, do campus Cuiabá – Coronel Octayde Jorge da Silva, ajudou a tornar acessível o álcool 70% para diversas pessoas em Cuiabá e em outras regiões do estado.
A doutora em Biologia Molecular Sheyla Varela Lucena, que é professora do IFMT e coordenadora do projeto, explica que, inicialmente, a ação tinha como objetivo a produção de sabão ecológico, para ser doado para a comunidade carente chamada Renascer, em Cuiabá.
“O projeto inicial era produzir em torno de dois mil litros de sabão, mas nós já estamos chegando a marca de seis mil litros. Porém, depois, outras demandas foram surgindo, como, por exemplo, a necessidade de álcool e o nosso interesse de colaborar com as pessoas, as famílias em situação de vulnerabilidade social”.
Na produção do álcool, o projeto conta com o conselheiro suplente do Conselho Federal de Química e também professor aposentado do IFMT, Ali Vegge Atala, como responsável técnico. Trabalho esse que tem sido motivo de orgulho.
“Fui professor do IFMT por quase 40 anos. É motivo de muita satisfação e muito orgulho participar do projeto, atuando como responsável técnico e também ajudando na gestão para conseguir o insumo junto ao CRQ. Acho que o momento é de unir conhecimento e democratizar, para favorecer quem não tem acesso a esse importante produto na pandemia”.
A parceria com o CRQ XVI, inclusive, foi fundamental para a produção de álcool pelo projeto, já que, segundo Sheyla, estava difícil conseguir a compra do insumo. Os primeiros 700 litros de álcool etílico doados pelo Conselho, foram transformados em álcool 70% glicerinado e distribuídos para ONGs, projetos de assistência social e para famílias de Cuiabá.
“Da primeira doação nos destinamos 400 litros para uma ONG chamada OPAN (Operação Amazônia Nativa), que vai atender algumas etnias indígenas, e o restante nós doamos para os terceirizados da limpeza e os terceirizados da vigilância (do IFMT), a APAE, famílias do bairro Altos do Cuiabá. Atendemos também um projeto chamado ‘Nós do Renascer’, e eles estão atendendo vários bairros com ações solidárias”, contou.
Nos últimos dias, o projeto de extensão Renascer recebeu do CRQ XVI a doação de mais 1.000 litros de álcool etílico, parte já foi usada na produção de mais álcool glicerinado que foi doado para a igreja católica do bairro Ribeirão do Lipa, que também atendeu mais de 200 famílias. A outra parte da produção também já tem destino certo.
“Vamos conseguir atender outras demandas que estão pendentes como o sindicato dos presidiários, que está aguardando mais de 100 litros de álcool. O pessoal do Renascer provavelmente também vai receber mais álcool e a saúde indígena. A ideia é entregar nos polo-base, uma espécie de mini hospitais que os atendem, fazendo o álcool chegar à cerca de 2.600 indígenas das etnias Enawenê-nawê e Xavante. As demandas vão chegando até a gente e nós vamos atendendo conforme a produção”, afirmou a coordenadora do projeto.
Para a presidente do CRQ XVI, Suzana Aparecida da Silva, ver a parceria dar certo na prática é ver que o Conselho está conseguindo alcançar seu objetivo com a campanha Química Solidária.
“Diante desta pandemia, atender essa população menos favorecida através desses projetos de extensão é muito gratificante. E para o CRQ isso é uma prioridade, visto que todos os projetos que nós apoiamos do IFMT, todos eles, estão voltados para essa comunidade em situação de vulnerabilidade socioeconômica”.
Campanha Química Solidária
O CRQ XVI já repassou para os projetos de extensão do IFMT, parceiros da campanha, 32 mil litros de álcool etílico. O produto foi doado ao conselho pelas usinas Safras Indústria e Comércio de Biocombustíveis, Barralcool e pela unidade de Sinop da Inpasa Brasil.
O objetivo da campanha Química Solidária do Sistema CFQ/CRQs é articular e divulgar em todo o país iniciativas para a produção do álcool líquido e álcool em gel com o apoio de profissionais da Química, associações, instituições de ensino e empresas. Também fazem parte do projeto ações para orientar a população – por meio de notas, cartilhas, vídeos, entre outros – e combater a desinformação.
Importante destacar ainda que as atividades de produção do álcool obedecem a diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) firmados pela RDC 350/2020 e pela nota técnica que a seguiu, detalhando a autorização excepcional e temporária concedida no combate ao Covid-19.
Todas as atividades da Química Solidária estão sendo desenvolvidas com o mínimo possível de profissionais, uma vez que a orientação do Ministério da Saúde – e outras autoridades – é para que as pessoas fiquem em casa para evitar a disseminação do novo coronavírus.
