Mestre em educação defende maior atenção à matriz curricular para melhor ensino da química

Convidado da quarta e última live realizada pelo Conselho Regional de Química da 16ª região (CRQ XVI), o licenciado em química, mestre em Educação, conselheiro suplente do Conselho Federal de Química, professor e Emérito Titular do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) – campus Cuiabá, Ali Veggi Atala, conversou com a presidente do CRQ XVI, e também professora do IFMT, com licenciatura e bacharelado em Química, Suzana Aparecida da Silva, sobre os desafios no ensino da química.

O professor explicou que de acordo com a legislação brasileira, todo profissional da química pode lecionar a química, mas que é preciso ter atenção sobre o que está sendo lecionado e quem está recebendo este conteúdo e para qual finalidade.

“O licenciado, que vai trabalhar no ensino regular, tem que se preparar, formar o currículo, com a visão de que tem que formar um cidadão. Ele não vai formar um químico. Ele tem que buscar conteúdos de química que levem o aluno a participar da sociedade. Que sejam cidadãos críticos, que entendam o meio ambiente e como deve preservá-lo. Agora para o ensino voltado para o químico tecnológico, que vai para a indústria, atuar na área da química, nós temos que buscar um currículo que dê base suficiente para ter autonomia, tomada de decisão, dentro do mercado profissional”.

Ali explicou que, às vezes, o despreparo do profissional que vai lecionar a química no ensino básico, o faz desrespeitar essas diferentes visões, afetando diretamente a formação do aluno.

“Se ele vem para o mercado, trabalhar sem esse contexto, sem essa visão, ele enche (as aulas) de física quântica, fórmula de Planck, e o aluno decora aquilo. Serviu para quê? Para nada. Às vezes serviu para tirar nota para passar e só”, ressaltou.

Quando o assunto foi a formação do profissional que vai atuar na área da química, seja no ensino técnico ou bacharelado, a presidente Suzana chamou atenção para a postura do professor como também um profissional da área. Ela destacou que “o professor de química, ele está no exercício da profissão. Como é que eu vou formar um profissional crítico e responsável, como é que eu vou dizer para ele que ao concluir o curso ele vai assumir uma responsabilidade técnica e que ele tem que ter todos esses conhecimentos, se eu, enquanto licenciada, não tenho para mim essa responsabilidade enquanto profissional?!”.

Os professores também conversaram sobre a importância do trabalho conjunto entre os Conselhos de Química e as instituições de ensino para a elaboração de uma matriz curricular que permita um melhor aproveitamento do ensino da Química e para a formação de profissionais melhores qualificados.

“O Conselho dá as atribuições (aos profissionais) a partir da matriz curricular, do ementário das disciplinas. Você pode ser um licenciado, como eu sou, e pode ter atribuições também para trabalhar na indústria. Basta ter as disciplinas mínimas pedidas pelas normas do Conselho Federal. Por isso os profissionais das escolas, das instituições, têm a obrigação de fazer esse link, onde temos nossa matriz versus atribuições. Nós não podemos criar cursos e colocar disciplinas na grade porque ‘eu gosto’. Nós temos que buscar para que esse profissional tenha o máximo de competência e atribuições. Não posso colocar disciplinas alheias ao mínimo”, explicou.

“Falas da Química – O novo futuro já começou”

O CRQ XVI realizou quatro lives dentro da programação especial do Sistema CFQ/CRQs, em celebração ao dia do Químico, comemorado no dia 18 de junho. Se você perdeu ou quer rever alguma delas, é só acessar o perfil do Conselho Regional no Instagram @crq16.

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